segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Se eu o pudesse descrever, dizia que ele muitas vezes aprendia com os seus erros. Foi
isso que o fez chegar tão longe, ele via a sua vida como um ciclo, tudo vem e
volta, todos os dias é um novo dia. O seu segredo era acordar outra vez, de
novo, do nada. Ele vivia da maneira como queria ser recordado depois de morrer,
ele vivia com um sorriso. Cada um de nós o tem. Ele mudou uma geração, ele pôs
homens e mulheres a chorar só para os ver a seguir pararem de chorar. A sua
felicidade vinha como fim da infelicidade, ele procurava a miséria na vida só
para no fim sair dela, ter essa possibilidade. Mas hoje enterramos um
Homem, ele criou uma sociedade, ele mudou o mundo, coitado tinha um sonho e naquela altura os sonhos eram mortos, o dinheiro era tudo. Meus Caros, toda aquela mesquinhez, aquela falsa verdade acabou! Hoje fizeram uma promessa, hoje vão cumpri-la, a nova sociedade está prestes a nascer em honra, do que aparenta ser o verdadeiro Salvador, o que disse que ao passado
não voltamos, só pudemos voltar ao futuro. Hoje queimarei esse Homem, alvo de
olhares de todo o mundo, o pensador do mundo, não tinha nome nem país. Mas
tinha um mundo e sinto-me orgulhoso por vos dizer que nós todos fazemos parte
desse mundo. A quem agradecem quando a cultura morre? A quem agradecem quando
politica morre? A quem agradecem que o vosso velho “eu” morre? Eu sei a quem o
vou fazer, obrigado por tudo.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A Morte

Todos os seres humanos sabem que ao nascermos a única coisa que nos está garantida é a nossa morte. Sendo esta inevitável temos medo dela, porque o Humano tem medo de tudo o que não consegue controlar. O percurso deste é marcado por um tremendo afastamento da natureza, com a tentativa de construir uma sensação ilusória de segurança. Partindo do pressuposto que algo por não ser controlável é necessariamente mau. Será morrer mau?
Os humanos têm um tremendo medo da morte, tal como têm medo da natureza, dos seus perigos. Esta é bastante semelhante à morte, são ambas forças sobrenaturais, incontroláveis e, acima de tudo são ciclos. Até podemos dizer que a morte é natureza. É de facto natural. Também podemos dizer que natureza é origem de algo. Se a morte é natureza e esta última é origem de algo, podemos se calhar perceber que a morte é origem de algo. Desconhecemos esse algo, e é esse algo que nos atormenta.
Existem muitas pessoas que se juntam a religiões como meio de enfrentar o problema que têm para com a morte. Como meio de tentar encontrar uma explicação metafísica já criada para este problema. Mas quando lhes morre um ente querido percebe-se que o seu problema não foi inteiramente resolvido. Tanto que fizeram para o resolver e não conseguiram. Foram provavelmente pelo caminho fácil. Em vez de aceitarem a morte, acreditaram que era possível fugir à morte. Muitas vezes os Ateus até têm mais maturidade para este tipo de questões. Os Ateus é que teriam razões para sofrer pois eles não acreditam na eternidade. Os ditos “católicos” enterram ou cremam os seus entes queridos, lavados em lágrimas, em puro sofrimento. Fazendo as suas rezas e tabuadas decoradas à espera que o seu Deus, supostamente sabedor de tudo, acredite na sinceridade das suas rezas e salve o falecido. Num hospital, quando um ser está preste a morrer, os familiares pedem para que não se diga isso ao paciente. Mas ele sabe, o médico sabe, a família sabe, todos sabem.
Se alguém tem medo da morte tem que pensar como era antes de começar a viver. Interiorizar que a essência da morte é não - existência e não (-) sofrimento. A morte será a paz total e profunda. O nosso físico morre com a nossa morte, mas não morre connosco. A nossa alma, a nossa essência trabalhada durante a nossa vida é reenviada para o universo. Quando se fala em reincarnação é na medida que alma vai, mas quando nasce um bebé, volta. Mas não é a nossa essência que voltou, é uma mistura de todas. Porque esta não é algo limitado, não recorre à forma. Não existe no mundo físico portanto não pode ser destruída nesta mesma dimensão. Quanto a nós, é assustador não sentir nada, mas se algum dia conhecermos a paz no seu estado puro, é com o nosso colapso físico e mental. E somos sortudos por ter a oportunidade de conhecê-la.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Verdade Universal

A verdade universal é uma verdade em qualquer tempo, em qualquer lugar, uma verdade
absoluta. Este debate de ideias é uma das mais importantes bases filosóficas
que uma pessoa pode ter. Parecendo que não, sustentam teorias futuras sobre
qualquer tema. Há duas maneiras de obter conhecimento: uma grande parte pela
experiência e outra pelo pensamento. A experiência engloba o conhecimento
transmitido pelos nossos antepassados, o conhecimento da realidade, o que nos
ensinam, o que nós vemos, sentimos, tocamos, ouvimos. Pode-se dizer que a
experiência é tudo o que é percepcionado por um determinado ser, implicando a
sua relação com o mundo físico.
Depois temos o pensamento, tudo o que revela a nossa identidade, tudo o que nós
reflectimos, todas as decisões que nós tomamos. É a maneira como nós adquirimos
essa experiência, ou então como a criamos. Toda a gente já criou experiências
no seu pensamento, como um sonho.O pensamento faz com que um humano analise de
maneira diferente uma determinada experiência. A experiência origina sempre um
pensamento, mas nem sempre um pensamento necessita da mesma. Um pensamento
necessita de reflexão e escolhas, e todas as nossas experiências envolvem essas
duas condições. Tudo o que nós vemos são escolhas, só apenas o debate entre
respirar ou não respirar já é uma escolha.
Uma vez um conhecido meu, queria-me provar que a experiência era a base de todo o
conhecimento. Então ele criou um exemplo, duas crianças nasceram dentro de dois
cubos, uma em cada. Durante doze anos viram o mesmo, alimentaram-se do mesmo, viveram
assim fechados. O que ele queria provar é que essas duas crianças com doze
anos, com a mesma experiência de vida, eram iguais. Tinham maneiras de pensar
idênticas, tinham opiniões iguais etc. Eu na altura não concordei com o que ele
propôs, nem concordo agora. Porque depois de uma grande discussão, já estávamos
na origem de todo este pensamento, e estávamos em desacordo e certamente não
saímos a concordar dali. Ele acreditava na verdade universal, eu não. Porquê
que eu não acreditava? Nunca concordei com essa maneira de ver as situações. Mas
no fundo o que podemos dizer desta verdade? Qual é a real questão que este
exercício nos traz? Este exercício traz-nos uma questão muito importante -
Seremos nós um fruto da experiência ou um fruto da nossa essência? Eu sempre
gostei da vertente existencialista de olhar para os seres humanos como um ser
com uma essência peculiar. Dizer que estas crianças seriam iguais no seu
interior é dizer que nós somos apenas transportadores de vivências, pensamos o
que as nossas experiências reflectem. Se assim for, se a nossa experiência de
vida for a base do nosso conhecimento, podemos dizer que a verdade universal
tem fracas probabilidades de existir. Ninguém tem uma experiência de vida igual
ao outro. Isto é, ninguém vê as situações da mesma maneira, todo o conhecimento
originário de perspectivas é completamente subjectivo. A verdade universal
perde o argumento quando se pergunta ao um padre porquê que ele acredita em
Deus e vão perceber que a sua experiência de vida foi completamente encaminhada
para tal.
A verdade universal existe, mas não é alcançável pelo ser humano e nenhum sitio nem
lugar. Nós fazemos parte da verdade portanto não podemos conhecê-la, tal como
uma faca não se corta a si própria ou um olho não se consegue ver a sim mesmo.
Nós fazemos parte deste conceito e nunca o vamos conseguir analisar
imparcialmente, pois estamos carregados de opiniões, pensamentos e
perspectivas. Assim se diz que o verdadeiro conhecimento e desistir de todas
estas complexidades e limpar o nosso sistema, só assim a alcançaremos. Será
possível?

Yamantaka


Yamantaka tem 11 cabeças, 18 braços e 18 pés. Yamantaka é conhecimento, é sabedoria. Yamantaka é um monstro. Este monstro dança, manipulando todos os deuses, incluindo o próprio Buda. O cristianismo denominou como adoradores do diabo aqueles que se fascinavam por Yamantaka. A sua cara principal é talvez semelhante à da besta que o cristianismo concebeu. Vejamos que Yamantaka possui uma face principal, uma que não consegue ser vista pelas outras, a sua verdadeira face digamos assim.Yamantaka não tem ego, não tenta mostrar a sua sabedoria. Yamantaka é uma representação da união de todos os humanos. Yamantaka representa a iluminação, o desafio da morte, como último conhecimento de tudo. Tem ciente em ti o espírito de Yamantaka.

Os jogos de lógica I

"Um homem é condenado à morte, mas apresentam-lhe uma possibilidade de escolher entre duas formas alternativas de execução. Fará uma declaração e, se esta for verdadeira, será enforcado; se for falsa, guilhotinado. O homem diz: "Vou ser guilhotinado." Assim se o guilhotinam a declaração torna-se verdadeira, pelo que deverá ser enforcado. Mas, se o enforcam, passa a ser falsa, pelo que verá ser guilhotinado. E sempre assim até ao infinito."
Excerto de O Budismo Zen de Alan W. Watts