quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A Morte

Todos os seres humanos sabem que ao nascermos a única coisa que nos está garantida é a nossa morte. Sendo esta inevitável temos medo dela, porque o Humano tem medo de tudo o que não consegue controlar. O percurso deste é marcado por um tremendo afastamento da natureza, com a tentativa de construir uma sensação ilusória de segurança. Partindo do pressuposto que algo por não ser controlável é necessariamente mau. Será morrer mau?
Os humanos têm um tremendo medo da morte, tal como têm medo da natureza, dos seus perigos. Esta é bastante semelhante à morte, são ambas forças sobrenaturais, incontroláveis e, acima de tudo são ciclos. Até podemos dizer que a morte é natureza. É de facto natural. Também podemos dizer que natureza é origem de algo. Se a morte é natureza e esta última é origem de algo, podemos se calhar perceber que a morte é origem de algo. Desconhecemos esse algo, e é esse algo que nos atormenta.
Existem muitas pessoas que se juntam a religiões como meio de enfrentar o problema que têm para com a morte. Como meio de tentar encontrar uma explicação metafísica já criada para este problema. Mas quando lhes morre um ente querido percebe-se que o seu problema não foi inteiramente resolvido. Tanto que fizeram para o resolver e não conseguiram. Foram provavelmente pelo caminho fácil. Em vez de aceitarem a morte, acreditaram que era possível fugir à morte. Muitas vezes os Ateus até têm mais maturidade para este tipo de questões. Os Ateus é que teriam razões para sofrer pois eles não acreditam na eternidade. Os ditos “católicos” enterram ou cremam os seus entes queridos, lavados em lágrimas, em puro sofrimento. Fazendo as suas rezas e tabuadas decoradas à espera que o seu Deus, supostamente sabedor de tudo, acredite na sinceridade das suas rezas e salve o falecido. Num hospital, quando um ser está preste a morrer, os familiares pedem para que não se diga isso ao paciente. Mas ele sabe, o médico sabe, a família sabe, todos sabem.
Se alguém tem medo da morte tem que pensar como era antes de começar a viver. Interiorizar que a essência da morte é não - existência e não (-) sofrimento. A morte será a paz total e profunda. O nosso físico morre com a nossa morte, mas não morre connosco. A nossa alma, a nossa essência trabalhada durante a nossa vida é reenviada para o universo. Quando se fala em reincarnação é na medida que alma vai, mas quando nasce um bebé, volta. Mas não é a nossa essência que voltou, é uma mistura de todas. Porque esta não é algo limitado, não recorre à forma. Não existe no mundo físico portanto não pode ser destruída nesta mesma dimensão. Quanto a nós, é assustador não sentir nada, mas se algum dia conhecermos a paz no seu estado puro, é com o nosso colapso físico e mental. E somos sortudos por ter a oportunidade de conhecê-la.

10 comentários:

  1. no meio disso tudo, 'alma' não é um conceito religioso?

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  2. O última parágrafo é uma mera opinião minha. Pode-se dizer que é uma opinião metafisica que eu partilho. Mas depende do que se entede por alma. Alma é um conceito metafísico e para mim a metafisica não é igual à religião. Esta última está limitada a um modo de vida e de regras no qual eu não concordo. O problema é que só, muitas vezes, as religiões istituidas é que falam sobre a filosofia metafísica. A religião vê a alma como a porta para uma vida seguinte. Eu não concordo com essa visão, apenas acho que o que eu chamo de "alma" ou a "essência" do ser é algo que, depois da sua morte, se vai difundir no espaço, e nunca mais vai dar origem ao mesmo ser. Junta-se a um todo, e esse todo é de onde vêm a vida. Ou seja quando surge uma vida, essa vida é parte desse todo. Não é e todo uma segunda vida.

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  3. Pode-se ser religioso sem religião. O conteúdo do texto é de facto religioso, mas não tem religião.
    Já Platão falava de uma essência metafísica que transcende o mundo físico- o mundo metafísico. Ele falava do espírito no mesmo sentido que o Manel fala de alma ou essência.
    Em relação à reencarnação, é mesmo pessoal. Falar do que nem sequer podemos experienciar, nem através das ideias inatas podemos atingir com segurança, é pura especulação e assunto do imaginário. Supor que tudo volta para o mesmo meio de onde veio igualmente. Mas claro que me sinto confortável com isso, com o eterno retorno, não como segunda vida, mas como aproveitamento. Mas isso deixa muitas questões em aberto... uma delas a evolução da nossa essência.

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  4. é uma boa posição. mas tal como disseste é a tua opinião. a religião é um dos temas que mais dá trabalho à metafisica. não concordo totalmente com a tua visão sobre ela: vamos supor, sem nomes ou definições concretas sobre a religião em questão, a dona julia acredita em deus - Deus - e, como sabes há um só deus representado de várias formas (nem tds as religiões 'representam' Deus, mas vamos partir desse sobreposto), acreditar em Deus pode ser justificado com a sua mensagem base, com a sua mensagem inicial, que, muitas vezes não é bem representada pelas várias religiões, acreditar em Deus pode ser uma forma de acreditar no amor.
    pondo ag a religião de parte e seguindo o ter conceito de alma ou essência, esta bem fundamentada. vou até dizer que têm lógica. mas achas que é preciso morrer para alguém ter um bocadinho de ti? e todos os gestos, coisas mais porreiras ou não que mudaram os teus amigos, colegas e inimigos? todas as pessoas c quem interagiste/interages têm um pedaço daquilo que és e vice versa.
    sei que aquilo que disseste nao invalidou o que eu disse, estava só a acrescentar.
    para acabar, há um pedaço com o qual tenho de descordar. secalhar é porque sou mulher mas... 'junta se a um todo, e esse todo é de onde vêm a vida'
    jokas!!!

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  5. seguindo o teu* conceito (...) esta bem fundamentado*
    sorry ma mistake

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  6. Não percebo em que medida discordas da frase 'junta se a um todo, e esse todo é de onde vêm a vida'.

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  7. chama me tola e provavelvemente este argumento vai arruinar toda a essência filosófica e metafisica da discussão que decorria por aqui mas, sendo mulher, para mim a vida vêm do homem e cresce em mim.
    o 'todo' que tu afirmas, a meu ver, é o homem com h pequeno !

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  8. Umas vezes dá vida, mas lembra-te que outra vezes não dá. Ninguém de onde vem a vida.

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  9. e o que podemos considerar com vida? algo que nasce, cresce, e morre? quando algo morre, mesmo o próprio ser fisico não desaparece, transforma-se, decompõem-se, mas não deixa de existir. e o mesmo acontece com a energia que esse corpo possuia, e ai partilho da opinião da "alma reenviada para o universo". porque tudo o que nos rodeia está em constante mutação e interação de energia, e nós, seres vivos (será que existe algo não vivo?), fazemos parte disso, somos essencialmente matéria com energia, ou seja, "não nos perdemos, não somos criados, apenas nos transformamos". afinal o que é a morte?

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